domingo, 16 de outubro de 2011

Eu resolvi te mandar esse e-mail pq seu conversei muito hoje com uns amigos, e eu cheguei a tantas conclusões, pensei tantas coisas... Aliás, sempre fiz isso, e tem tanta coisa que eu queria que você soubesse que eu não tive a chance de te dizer... Não pense que eu tô mandando isso por qlqr motivo ruim que seja, eu não quero te atrapalhar nem te prejudicar em nada possível, tá? Se não for o Hy que estiver lendo, saiba que eu não quero me intrometer em nada u_u É que é muita coisa entre nós que ficou sem ponto final, e não que um e-mail fosse bastar pra resolver tudo, mas é minha tentativa, uma hora eu acabaria fazendo isso, de qlqr jeito... Eu vou ficar mais tranqüilo, assim.

Eu mal sei por onde começar... Bom, uma coisa que me atormenta todos os dias é o pensamento de que você me odeia, ou de que acha eu quis seu mal, que eu puis minha vontade na frente da sua felicidade. Não vou explicar as coisas como e porque foram pq eu acho desnecessário, uma coisa só basta: eu sou uma pessoa muito infantil, Hy, e isso você sabe bem. Eu já cometi muitos, muitos erros, principalmente com você. Eu sou impulsivo, emotivo, descontrolado, muito orgulhoso, vingativo, rancoroso... Apesar de não parecer, eu luto todos os dias pra deixar de ser assim e me tornar uma pessoa melhor. Eu já tive a ilusão de querer seu mal, de querer me vingar de você, loucuras minhas. É que no momento que as coisas acontecem a poeira sobe e a gente não consegue ver direito, mas quando o tempo passa a poeira baixa e a gente entende tudo. E o tempo já passou e muito, né? Eu penso muito no passado, reviso as coisas que eu vivo um milhão de vezes, decoro tudo, analiso tudo, e Hy, encurtando muito o que eu ia dizer, você esteve na maioria das minhas memórias boas. Há várias formas de uma memória ser boa. Eu aprendi muito com você, eu fui muito feliz, eu fui amado... Não me ache bobo por te mandar esse e-mail e te dizer isso tudo, que eu tô aumentando as coisas, mas você é importante demais pra mim. Mas enfim, quando a poeira (da que eu falava umas linhas pra cima) baixa, sempre, sempre, sempre, o que eu vejo é que eu quero do fundo do meu coração que você seja a pessoa mais feliz do mundo, não importa como nem a que preço, eu quero que você viva muito, sempre feliz e com muita saúde. Me assombra pensar que você me considere algm ruim que quis te fazer mal. Quando desculpas não bastam mais é só que você entenda isso que me resta.

Quando eu digo que você foi/é muito importante pra mim é, talvez, por mais motivos do que você pensa. Hy, você me ensinou muito, me mostrou muita coisa, me fez entender muita coisa, e mesmo longe de você, muito tempo sem te ver, eu ainda aprendo com você. A sua simplicidade, sua dedicação, sua fidelidade, sua coragem, sua inteligência... O próprio amar, eu admito que não o soube fazer enquanto estivemos juntos, mas tenha certeza que se hoje eu o faço muito melhor, com certeza é graças a você. São várias as coisas que eu vou levar pra sempre comigo. Sempre que eu me lembro das coisas que você já fez por mim me dá um aperto no coração de talvez não ter te agradecido o suficiente, de não ter feito nada valer a pena pra você, de não ter sido algm bom na sua vida, tbm, em termos gerais... Bom, chorar por leite derramado pouco adianta ;~

E a vida continua, né? Muita coisa mudou. Mudei mais de uma vez de cidade, de casa, de amigos, de namorado, de rumo, de sonho... Igual você me disse uma vez num poema, "a fisionomia muda, o olhar acompanha". Os anos entram e saem, tudo se substitui, se renova. Só não foi embora, sabe-se lá por quê, talvez porque não chegou a hora, algumas poucas coisas. Mas o tempo não pára e a gente não tem toda eternidade pra decidir qual decisão será a certa, qual a errada, quais seriam as conseqüências, revisar nossas motivações, ver se vale mesmo a pena... É talvez por isso que eu nunca me condenei tanto por seguir meu coração ao lidar com as coisas, especialmente com essas que não findam por nada. Mas eu estou sempre sujeito ao erro, claro. Isso é algo em que nós somos muito diferentes. Você é muito mais racional do que eu, e assim você erra menos. Sei lá, Hy, eu deveria nunca mais falar com você, pensar em você, ou qlqr coisa? Seria essa a decisão mais racional? A decisão certa? Pode ser que seja fraqueza minha, mesmo. Em certos casos errar me parece mais válido do que acertar :( Mas eu tô fazendo o possível, meu melhor.

Hy, não que eu tivesse algo de objetivo pra te dizer, mas pra dar um desfecho nisso aqui e não te segurar mais tanto tempo lendo asneiras (se é que você leria até aqui), eu queria que você não se esquecesse que eu não quis em momento nenhum te fazer mal, eu prefiro qualquer coisa (isso tá claro pra mim já há tempos) a ver você triste e infeliz, mesmo que as coisas tenham acabado ficando ruins pra você. Não foi MINHA intenção e eu não vou entrar mais no mérito disso. Bom, eu tô lutando com todas as minhas forças pra viver uma vida cada dia melhor e mais feliz, a ser cada vez mais forte e maduro e a lidar com o meu passado da forma mais bonita e proveitosa possível. E só mais uma coisa: mesmo que nós nunca mais nos vejamos e nos falemos, eu nunca vou te apagar do meu coração e da minha mente, você faz parte de quem eu sou e nada na vida mudará isso. Eu sempre estarei lá.

Vine

preciso desabafar mais:
Agora pouco eu tinha organizado bem meu raciocínio pra passar pra você mas já esqueci tudo :~ Era algo do tipo que... de forma bem simples, como posso eu me render a alguém plena e conscientemente de novo sabendo que eu corro o risco de que tudo um dia acabe como aconteceu entre nós? Não que as coisas não acabem, elas acabam, isso é natural, é ciclo eterno da morte e renascimento, but... aí eu também me contradigo, porque como disse sei lá quem, "passado também é presente". Isso pra mim é óbvio. O que passou não passou, o que passou tá sempre aqui. O que eu vivo hoje é tudo graças ao que eu vivi, e negar isso é covardia, mas anyways~ Aí entra a questão daquilo que diferencia amor do que não é amor. Eu paro e penso: quem disse que era pra ser bom? A gente sofreu horrores juntos, sofremos mesmo, choramos litros, nos batemos, nos humilhamos, nos ofendemos... por quê? A gente lutava por algo, querendo ou não. Por o quê? É aí que tá. Nunca foi exatamente bom mas mesmo assim a gente lutava. 

Daí ok, a gente sofreu, etc, etc, e a partir de um momento em que a balança ~pesou mais descaradamente~ pro lado negativo era de se esperar que nós (acho que mais eu) abandonássemos tudo, enterrássemos, deixássemos morrer. Mas NUNCA foi exatamente bom. A balança quase sempre pesou pro lado negativo e mesmo assim "a gente" se propôs a sofrer por o que havia sobre ela. Nem acho muito que tenha sido pelo que você fez por mim ou pela imagem que eu criei de você, mas sim pelo convívio, pela influência que nós tivemos na vida um do outro. É um simbolismo enorme e complicadíssimo, acho que tem a ver com a percepção do eu em relação ao outro. Onde eu termino e começa o outro? Talvez seja por isso que se sinta essa ~indiferença~ ao sofrimento em relação a algo que o causa. Tudo que nós temos na vida somos nós mesmos, e nós temos (ou deveríamos ter) amor por nós mesmo, né? Butttt, acho que a partir do momento que se permite que algo mais faça parte de nós, também, é aí que a coisa fica complicada. Bom, isso é muito relativo, tbm, né? O que é ser a si próprio? A gente muda sempre, a gente nunca é quem a gente foi. Ou será que somos? Eu acho que nunca deixamos de ser quem éramos, mas nem por isso passamos a ser novas pessoas. A gente vai acumulando vários "eus" (que não se dissociam, ainda sim, acho). 

Daí tá, isso acontece e você passa a ter "um momento do eu de alguém" como um momento de si. Se eu nunca deixo de ser quem eu fui, eu nunca vou deixar de ser esse momento de outra passou que passou a ser meu, também. Não dá pra desfazer isso. Por isso, só por isso, Hy, eu queria viver em paz com isso. Por que eu vou viver pra sempre com isso, já te disse. Outras pessoas também farão parte de mim assim como você faz (haja coração :s), mas eu não consigo suportar a ideia que eu tenha de sofrer tanto mais uma vez. Eu não queria cometer os mesmos erros, fazer meu amigo que me faz tão bem sofrer, também, fazê-lo me odiar, querer meu mal. Olhar nos olhos dele, que ontem mesmo eu vi transbordarem de carinho por mim, e imaginar que daqui uns anos aquele mesmos olhos poderão me olhar vermelhos de ódio. Eu não quero pensar que todo o esforço que eu faço por ele e que ele faz por mim um dia me pareça em vão. Não que eu espere que nunca acabe, mas que se acabar, que acabe como merece. Se eu tivesse um filho doentinho, sei lá, com uma doença terminal, e eu passasse a vida cuidando dele, quando ele chegasse na fase final da doença eu ia querer que ele morresse sofridamente? Lógico que não. Eu ia querer que ele morresse quentinho numa cama bem macia, com todos que ele ama por perto, dando-lhe força, se sentindo querido. Isso porque eu sei que ele "morreria" fisicamente, apenas, mas anyways. 

Eu posso falar às vezes pras pessoas que te odeio, que você foi um monstro comigo, que sempre que pode apronta uma só pra me ver triste e tudo mais, mas no fundo eu tento manter só pensamentos bons sobre você. De gratidão, sobretudo, já que você foi... sei lá. Você foi o primeiro menino que se relacionou de verdade comigo, que me ensinou muitas coisas, me divertiu, descobriu o sexo comigo, o que é ter alguém do lado, o amor... Tanta gente aprende essas coisas de formas desfalcadas, de qualquer jeito, com quaisquer uns... Eu não, foi com você, e eu sou muito grato por isso, tenho um carinho infinito por isso. É meio que egoista, de certa forma, né? Eu nem sei se você é feliz com isso, mesmo... pelo que você diz, não. Mas acho que pra mim é mais importante que você saiba da minha parte, simplesmente. Eu não espero seu retorno, não posso te cobrar isso, o meu retorno vem de mim mesmo. 

Anyways de novo, eu queria, Hy, de verdade, do fundo da minha alma, que a gente pegasse o cadaverzinho do nosso ~filho com doença terminal~ que tá todo largado no meio da estrada de terra, pisoteado, mordido, sujo, esgrunhanhado e colocássemos ele num caixãozinho bonito, do jeito que ele merece, e enterrássemos ele numa lápide ende nós pudéssemos sempre que quisermos visitá-lo e prestarmos homenagem sem sentir pena ou arrependimentos, tendo a certeza de que ele está "num lugar melhor". Não consigo olhar pra esse ~bebê~ que tá aqui no meu colo e imaginar um futuro igual pra ele, não me permito.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

I

Fui convidado meio por cima, não tinha noção exata do endereço, mas mesmo assim decidi ir à festa de amigo secreto que uma amiga minha, a Lari, daria na sua área de lazer. Disse-me que o espaço ficava a algumas quadras da sua casa, e como esta não era tão longe de onde eu estava, decidi ir a pé e tentar a sorte. Há algumas semanas atrás eu vinha ficando com um garoto que de certo estaria nessa festa, por isso pus-me no meu melhor e parti, não tão rápido para não suar e despentear-me.
Perdi-me por alguns instantes, mas ao ouvir os gritos do pessoal desde a rua, enfim encontrei o local. O menino que eu esperava estava lá. Apesar disso, além dele, eu só conhecia a Lari, e por isso fiquei meio de lado o tempo todo. As pessoas vinham socializar comigo, mas como eu era muito tímido, apenas fui educado de volta e não permiti que as interações se desenvolvessem. Havia piscina e churrasco. Eu era vegetariano e tinha alergia a cloro. A tarde foi indo embora, e em alguns momentos encontrei-me sentado em algum canto, sozinho, entediado. Foi quando ele veio oferecer-me carne. Era alto, magro, estava sem camisa e molhado. Estendeu-me gentilmente uma bandeja cheia de pedacinhos, os quais recusei.
- Eu sou vegetariano! -, disse-lhe.
- Então você não come carne? Vamos nadar, então! -, respondeu, todo animado.
- Eu tenho alergia a cloro...
- Hum, tadinho!
Não demorou muito e ele voltou oferecendo-me pão de alho assado. Aceitei e agradeci. Ele começou a puxar assunto comigo, chamou-me para ficar perto dele na churrasqueira enquanto me assava mais pães de alho. Não me lembro do que ele dizia, na verdade sequer estava prestando atenção, ele não me interessava. Claro, ele era bonito, a atração física existia, mas eu não o conhecia, não sabia o que esperar, portanto não esperava. Na verdade, eu já tinha ouvido falar dele, sim, mas nunca coisas boas. Tinha ouvido dizer que ele pegava várias meninas por aí e que depois as abandonava, nada mais. Em um certo momento, ele sentou-se com uma amiga nossa e começou a desenhar junto dela. Se bem me lembro, ele fez um desenho criticando o Natal ou algo assim. Até gostei do desenho, mas não tinha ainda entendido o seu ponto de vista, e não dei muita importância.
A Lari chegou em mim, de repente, enquanto eu jogava ”Eu nunca” com algumas pessoas, puxou-me de canto e disse:
- Alguém quer ficar com você.
- A é? Quem? – respondi, pensando no menino com o qual eu ficava.
- O Hy!
- O Hy? – respondi muito suspreso e feliz. Eu não sabia que ele ficava com meninos.
- É... você vai ficar?
- Não sei Lari, o que você acha? – perguntei, meio receoso por causa da imagem que me tinha sido passada dele.
- Bom, ele é filho da puta, toma cuidado com ele, só isso! Mas ele é gostoso, aproveita! – disse-me ela.
- Tá bom, pode falar pra ele que eu fico, sim! -, respondi.
Fiquei esperando nervoso, sentado na cozinha, até que a Lari voltou e disse:
- Ele tá lá no quarto te esperando, vai lá!
- Por favor, Lari, vem comigo! –, eu pedi.
E lá fomos nós. Entramos na casa da área de lazer e dei de cara com ele dentro de um quarto escuro e vazio, tendo apenas uma cama e nada mais. A Lari lá deixou-me, acendeu a luz do quarto, fechou a porta e foi-se. Ele aproximou-se de mim:
- Ai, eu não sou muito bom palavras... -, e beijou-me.
Senti seu corpo descamisado, quente e rígido junto ao meu, abraçando-me com força, cheirando a churrasco, fumaça e a piscina. Beijava-me com desejo, porém com certa insegurança. As pernas começaram a se cansar. Sentamo-nos na cama e enfim nos deitamos. Ao fundo tocava a discografia dos Guns ‘n Roses, que o pessoal ouvia do lado de fora.
Ele pois-se por baixo de mim e eu repousei minha cabeça sobre seu peito, já completamente nu, tal como ele. Guns tocando ao fundo, nossos olhos fechados, sua respiração ritmando com minha... Dormimos.
Acordei sentindo-me maravilhoso, aquecido, desnorteado. Aquilo tudo era real? Meu celular tocou, corri para atendê-lo. Era meu pai, muito nervoso, pois ele tinha me ligado centenas de vezes e eu não atendi. Disse-me que era pra eu sair de lá imediatamente, que estaria do lado de fora esperando-me. Confirmei o número de ligações não atendidas e corri, sem ao menos despedir-me do Hy. As pessoas do lado de fora olhavam-me, e um deles gritou:
- Vine, vocês transaram?
- O quê? Tchau, tô indo embora! -, respondi envergonhado. Não, não tínhamos transado.
Meu pai, tal como tinha dito, lá estava. Disse-lhe que havia deixado o celular de canto, que não o vi tocar e desculpei-me. Voltei para casa com o coração leve como uma pluma. Foi assim, em tom de conto erótico de blog de mal gosto sem fins lucrativos, que o conheci.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mesmo a gente não sabendo se expressar corretamente a cerca de algo haverá sempre alguém que o saiba

Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos…
Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você. Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?
Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.
Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente?
Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente?
Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.
Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.
Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim. Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis.
. . . E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura.

Caio Fernando de Abreu

domingo, 10 de abril de 2011

Je n'ai pas peur...

Nossa, quanto tempo não atualizo meu blog! Mas não por não ter mais assuntos, claro, afinal: minha vida ainda não parou. Mas enfim, muitas coisas se passaram e ainda estão a se passar...

Voltei pra Assis, comecei a biologia e conheci bastante gente. Não tantas quanto no começo do ano passado, claro, mas ainda sim são muitas. E a maioria nem é bixo, é tudo veterano. Conheci bastante gente da letras e da biologia, já que agora passo metade do meu tempo em cada um dos dois cursos. Pois é, tô fazendo bacharelado em ciências biológicas e mandarim e francês na letras. Quanto a essas coisas estou felicíssimo.

Há um tempo atrás, e pra não ser hipócrita, até agora (porém não com tanta força), eu venho passando por digamos... um trauma. O medo. Nunca senti tanto medo e por tanto tempo em toda a minha vida. Não quero entrar em detalhes para não ser mal interpretado, só digo que chorei demais, suei frio demais, passei muitas noites em claro, perdi muito apetite, só que, com o passar do tempo, o arco-íris veio surgindo. É demais pra se por em palavras, mas digamos que eu tenha "renovado a pele da minha vida". Retomei a cor e o anseio de viver. "Et sans prévenir, ça arrive... ça vient de loin...", como cantava a Barbara. Isso mesmo, "la joie de vivre"! Minha alegria de viver. Eu me amo demais e não me dava conta disso. Eu amo demais a minha vida, e tinha me esquecido.

Eu amo minha família, meu passado, meu presente, minhas conquistas, meus amigos e meus amores. Mas não me amo menos (sim, estou frizando).

De repente o futuro pareceu menos tortuoso e a incerteza quanto a ele mais instigante. O agora parece ideal, sem ter onde por nem tirar. O passado parece uma vitória, revestido de orgulho.

Mas eu não vou mentir, eu ainda não SOLUCIONEI esse medo em questão. Quando solucioná-lo, vocês ficarão sabendo...


Tô medrosamente feliz.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

"Algo de gelo"

Resolvi escrever isso aqui porque preciso muito desabafar, e como já levei à exaustão os ouvidos dos meus amigos, não me resta opção.

E a pergunta permanece: o que se faz com a saudade? O que a justifica? O que é saudade, afinal? Ela é boa? É ruim? A saudade existe, de verdade, ou seu conceito é mero eufemismo à outros sentimentos humanos?

Às vezes parece que a resposta me vem à mente, de repente, mas antes que eu possa "decifrá-la", ela desaparece, de novo. Às vezes me sinto diante de um precipício sem fim, e que num instante uma ponte surge atravessando, e que quando eu me ponho a atravessá-la, ela nunca esteve lá.

Eu simplesmente não consigo entender: é bom ou é ruim?

Eu queria entender quem é você. Eu já vi o que você fez com os outros, e cansei de sentir o que faz comigo. É tão parecido... de onde vem essa sua habilidade? O erro é de todos ou só seu? Quando isso vai parar?

Às vezes me parece que você tem uma missão bem definida, e que a segue a risca. Você muda a vida das pessoas, isso é óbvio. Você, mesmo, escolhe algumas pessoas na multidão, e tatua sua marca no coração delas. Depois você vai embora, mas na verdade nunca vai. Porquê? Qual seu segredo?

Você é bom ou é ruim? Devo me proteger de você? Devo te odiar e te atacar?

Ou devo parar de questionar e simplesmente te deixar agir?

Que vergonha ter de passar por isso...