quarta-feira, 10 de agosto de 2011

I

Fui convidado meio por cima, não tinha noção exata do endereço, mas mesmo assim decidi ir à festa de amigo secreto que uma amiga minha, a Lari, daria na sua área de lazer. Disse-me que o espaço ficava a algumas quadras da sua casa, e como esta não era tão longe de onde eu estava, decidi ir a pé e tentar a sorte. Há algumas semanas atrás eu vinha ficando com um garoto que de certo estaria nessa festa, por isso pus-me no meu melhor e parti, não tão rápido para não suar e despentear-me.
Perdi-me por alguns instantes, mas ao ouvir os gritos do pessoal desde a rua, enfim encontrei o local. O menino que eu esperava estava lá. Apesar disso, além dele, eu só conhecia a Lari, e por isso fiquei meio de lado o tempo todo. As pessoas vinham socializar comigo, mas como eu era muito tímido, apenas fui educado de volta e não permiti que as interações se desenvolvessem. Havia piscina e churrasco. Eu era vegetariano e tinha alergia a cloro. A tarde foi indo embora, e em alguns momentos encontrei-me sentado em algum canto, sozinho, entediado. Foi quando ele veio oferecer-me carne. Era alto, magro, estava sem camisa e molhado. Estendeu-me gentilmente uma bandeja cheia de pedacinhos, os quais recusei.
- Eu sou vegetariano! -, disse-lhe.
- Então você não come carne? Vamos nadar, então! -, respondeu, todo animado.
- Eu tenho alergia a cloro...
- Hum, tadinho!
Não demorou muito e ele voltou oferecendo-me pão de alho assado. Aceitei e agradeci. Ele começou a puxar assunto comigo, chamou-me para ficar perto dele na churrasqueira enquanto me assava mais pães de alho. Não me lembro do que ele dizia, na verdade sequer estava prestando atenção, ele não me interessava. Claro, ele era bonito, a atração física existia, mas eu não o conhecia, não sabia o que esperar, portanto não esperava. Na verdade, eu já tinha ouvido falar dele, sim, mas nunca coisas boas. Tinha ouvido dizer que ele pegava várias meninas por aí e que depois as abandonava, nada mais. Em um certo momento, ele sentou-se com uma amiga nossa e começou a desenhar junto dela. Se bem me lembro, ele fez um desenho criticando o Natal ou algo assim. Até gostei do desenho, mas não tinha ainda entendido o seu ponto de vista, e não dei muita importância.
A Lari chegou em mim, de repente, enquanto eu jogava ”Eu nunca” com algumas pessoas, puxou-me de canto e disse:
- Alguém quer ficar com você.
- A é? Quem? – respondi, pensando no menino com o qual eu ficava.
- O Hy!
- O Hy? – respondi muito suspreso e feliz. Eu não sabia que ele ficava com meninos.
- É... você vai ficar?
- Não sei Lari, o que você acha? – perguntei, meio receoso por causa da imagem que me tinha sido passada dele.
- Bom, ele é filho da puta, toma cuidado com ele, só isso! Mas ele é gostoso, aproveita! – disse-me ela.
- Tá bom, pode falar pra ele que eu fico, sim! -, respondi.
Fiquei esperando nervoso, sentado na cozinha, até que a Lari voltou e disse:
- Ele tá lá no quarto te esperando, vai lá!
- Por favor, Lari, vem comigo! –, eu pedi.
E lá fomos nós. Entramos na casa da área de lazer e dei de cara com ele dentro de um quarto escuro e vazio, tendo apenas uma cama e nada mais. A Lari lá deixou-me, acendeu a luz do quarto, fechou a porta e foi-se. Ele aproximou-se de mim:
- Ai, eu não sou muito bom palavras... -, e beijou-me.
Senti seu corpo descamisado, quente e rígido junto ao meu, abraçando-me com força, cheirando a churrasco, fumaça e a piscina. Beijava-me com desejo, porém com certa insegurança. As pernas começaram a se cansar. Sentamo-nos na cama e enfim nos deitamos. Ao fundo tocava a discografia dos Guns ‘n Roses, que o pessoal ouvia do lado de fora.
Ele pois-se por baixo de mim e eu repousei minha cabeça sobre seu peito, já completamente nu, tal como ele. Guns tocando ao fundo, nossos olhos fechados, sua respiração ritmando com minha... Dormimos.
Acordei sentindo-me maravilhoso, aquecido, desnorteado. Aquilo tudo era real? Meu celular tocou, corri para atendê-lo. Era meu pai, muito nervoso, pois ele tinha me ligado centenas de vezes e eu não atendi. Disse-me que era pra eu sair de lá imediatamente, que estaria do lado de fora esperando-me. Confirmei o número de ligações não atendidas e corri, sem ao menos despedir-me do Hy. As pessoas do lado de fora olhavam-me, e um deles gritou:
- Vine, vocês transaram?
- O quê? Tchau, tô indo embora! -, respondi envergonhado. Não, não tínhamos transado.
Meu pai, tal como tinha dito, lá estava. Disse-lhe que havia deixado o celular de canto, que não o vi tocar e desculpei-me. Voltei para casa com o coração leve como uma pluma. Foi assim, em tom de conto erótico de blog de mal gosto sem fins lucrativos, que o conheci.