terça-feira, 30 de setembro de 2008

En savant...

A questão da fé é mais simples do que fazemos com que ela seja.

(Tá aí, bem como introdução ao texto, uma "talves-ironia" que chega a soar cômica após o texto ser lido)

A complexidade da existência sintetiza-se em, digamos hipoteticamente, um anel ou forma de percurso reiniciável, infinito. Cada parte é indispensável para que a forma mantenha-se íntegra, sendo ela jamais moldável, pois não apresenta começo nem fim. Com a ciência passamos, ou podemos passar, a entender "99,9...%" desse anel. Porém, há uma parte dele que nunca conseguiremos entender (o que qualquer um que já tenha vivido pelo menos uns 15 anos já concluiu, não pela lógica, mas experimentalmente); aí que entram as questões existenciais.

É fato que o anel é contínuo; é fato que há algo que preenche esta lacuna, apesar de jamais conseguirmos entendê-la. E então a fé torna-se útil. Ela serve como uma "prótese" que nos permite preencher essa lacuna para que possamos "acreditar que entendemos" a vida por completo.

A felicidade ou plenitude resume-se em entendermos que vivemos em um plano perfeito, infinito. Tal plano constitui-se da nossa percepção de vida, de nossos conhecimentos e incontestavelmente de nossa fé (seja lá qual a sua natureza) - nosso ego. A quantidade de conhecimento é irrelevante, contanto que exista alguma, e a fé é o que "une" as pontas de tudo formando assim um anel perfeito e infinito. Quanto mais conhecimento, maior o diâmetro do nosso anel; maior a nossa plenitude; maior o nosso ego. Mas, sem a fé, esse anel não se consolida; nosso ego não se estabiliza, ou seja, resultando em todo conhecimento (de todas as naturezas), descartável. Aí está o que chamamos de "estado niilista", quando um sujeito desestrutura seu anel. É o que acontece. Diga-se de passagem que não é, filosoficamente dizendo, impossível que esse anel volte-se a se reestruturar, guiado temporariamente pela inércia do fluxo recém rompido. Assim, quanto mais tempo se passa desde o rompimento, a energia inerte vai se dissipando aos poucos, diminuindo a possibilidade de reestruturação.

Enfim, como vêem, a fé representa o vértice onde a vida começa e termina. O real vértice é intangível a nós, porém ele existe e contribue para o contínuo fluxo do anel, indiferentemente do que seja, pois o que importa é sua existência, apesar de que a certeza da existência deste preenchimento da lacuna impreenchível é quase tão necessário quanto o preenchimento em si, para nós, seres questionadores, sempre dependentes de respostas inteligíveis e absolutamente lógicas.

Aqueles que dizem ser ateus não diferem em absolutamente nada dos religiosos. O que fazem é preencher essa lacuna com um "nada substancial", enquanto os outros preenchem com o que quiserem. Se analizarmos de tal forma, veremos que não há razão em acreditar nem em duvidar de crença alguma; o que importa mesmo é ter uma crença para ser capaz de sintonizar-se perfeitamente com a vida.

De um panorama mais abrangente, pode-se dizer que nossa alma resume-se, representativamente, no centro de um anel oriundo da fração inidentificável do anel, que é onipresente, desta forma: na possibilidade da existência de algo como um fluxo infinito de energia configurado na forma de um "oito". Definimos, desta forma, que existem duas formas de ser pleno: uma "imortal" e outra "mortal". Sem conhecimento, não há necessidade de ter-se uma fé, portanto não há "oito", não há vida consciente, apenas a alma em si; o centro. E com a morte, tudo se acaba e a alma transcede para outra encarnação material para que tenha, novamente, a possibilidade de tornar-se um "oito" estável. Com conhecimento, por mais ínfimo que seja, é necessária a fé para que tudo isso coexista harmoniosamente. Sem essa fé, tudo, após a morte, também se acaba. Os animais vivem praticamente pela segunda possibilidade, pois seus organismos não possibilitam uma grande assimilação de conhecimento, redusindo seus "oitos" a quase nada. Nós seres humanos nascemos com uma possibilidade de "oito" muito mais facilmente expandível, sendo nossos organismos bastante capazes de assimilar uma grande quantidade de informação ao longo da vida, evidenciando um aceleramento no crescimento do "oito" ao longo das transcedências evolutivas. Ao deixarmos a fé, desestruturamos nossos "oitos" e reencarnamos, portanto, como a forma de vida mais simples possível; voltamos a estaca zero. Já os que mantêm seus "oitos" sempre crescentes e estáveis, reencarnam em um plano de vida superior.

Os dogmas, costumes e etc de cada religião não passam de "suportes" para nos manter firmes dentro de cada crença, para que não caiamos jamais em "tentação", ou seja, percamos a nossa ferramenta que preenche nosso buraco no compreendimento da vida, o que comprometeria nossa constância, nossa plenitude. ÓBVIAMENTE, existem aqueles que enchergam tal questão de um plano diferente, e se aproveitam dela para manipular os outros por beneficio próprio ou por pura ignorância mesmo, mas aí a questão já muda completamente de figura...

Observação: Não se esqueçam de que absolutamente TUDO pode ser expressado de infinitas maneiras diferentes, portanto, também pode ser interpretado de infinitas outras maneiras diferentes.

Dica: Auto-engano é um pecado. Viagens metafísicas na maionese são sempre desnecessárias e só nos atolam mais fundo na lama da incerteza, quando levadas a sério.

4 comentários:

Hy! disse...
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Hy! disse...
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Unknown disse...

A ligação entre a crença do ser humano em algo que não se vê e o auge dos seus conhecimentos exemplifica um ciclo de vida, em torno de ciência e religião. Todavia, esse ciclo não coloca em pauta uma das buscas incessantes do ser humano: a busca pela felicidade.


O ser humano tende a buscar felicidade de acordo com suas próprias fórmulas, transformando a vida em uma busca desenfreada de sucesso e prazeres, fugindo de seus medos. Ao longo desse processo, ele sofre e causa sofrimento.
Para evitar que todos abusem na felicidade própria e passem à frente dos outros, fazendo do mundo um cálice, em que todos podem pegar desse e beber (fazendo com que os últimos o encontrem vazio), a religião demonstra com crenças, que isso causa mal ao ser humano e não deve ser feito, argumentando que tal atitude é prejudicial à humanidade.
Essa crença pode ser firmada com argumentos, mas pode ser contradita também, por objeções. A única forma de uma crença nunca ser perfeitamente contradita é usar, nela, argumentos abstratos.
Os Hebreus definiram a fé como um firme fundamento de algo que se espera, e a prova das coisas que não podem ser vistas. Assim sendo, a fé religiosa provava os argumentos abstratos. A fé toma forma da base de uma esperança para se ter certeza das realidades não vistas.
A fé, assim, passa a controlar a sociedade, que pode ou não controlar a fé. O controle da fé é o completo autoconhecimento (irreal), e o descontrole é a paz e a busca incessante à felicidade (nesse caso, também, graças à fé, inalcançável)

Unknown disse...

T__T considere só o post do Paulo Henrique pq ele tem as devidas correções... eu perdi minha senha do Hy! e não consigo deletar u_u