sábado, 5 de setembro de 2009

Oi?

Eu gostaria muito, muito, muito de retratar com a maior precisão e menor quantidade de linhas possível o que sou hoje.

Se eu pudesse modelar a forma em que me sinto (e não a que me vejo) de forma extra-corpória e puramente sinestésica, descrever-me-ía como uma bolha densa em seu interior, porém sublime nas periferias, com indefiníveis objetos submersos em si; dentre eles: plantas, uma quantidade exorbitante de ideogramas chineses - que irradiam carinho -, mapas, bolinhas coloridas, bastões de gel translúcido e colorido, travesseiros suados, pães, e... mesas circulares de ferro pintado de branco. No núcleo - muito pesado, gelado e húmido - sinto textura de terra - inclusive cheiro de terra -, sei que há muito ali enterrado e não vejo receio de revirá-la, porém não o faço jamais. Sinto vapor de água morna e muita, muita saudade. Grande ímpeto de ajoelhar-me por entre a núvem de coisas e permitir que a mesma me recubra e me aqueça. Há uma notória atmosfera positiva. A terra parece fértil e dela brota tudo que eu quiser, inclusive plantas. Muitas plantas. Todas amicíssimas, que crescem e me acariciam as bochechas antes de ascenderem à superfície.

Eu sinto grande saudade de algo que nunca foi. Eu sinto saudade da saudade. Tem cara de tempo perdido, mas eu decididamente não quero acreditar que seja, e minha vontade é lei. A vontade de vomitar meus ossos se foi - e nem é que tenha durado muito. Às vezes tenho vontade de viajar; às vezes de me dedicar ao máximo na minha formação. O que eu quero mesmo é companhia, toque humano. A carne não me alimenta mais de maneira alguma. Eu preciso me alimentar do que há além da carne, eu acho. Não há nada que eu possa fazer por mim; eu dependo de outro(s), e não vejo fraqueza nisso; é natural. Fraqueza seria não admitir. Seria bom se alguém revirasse minha terra, penso eu, e que nela plantasse o que quisesse. Eu não me importaria que depois colhesse tudo que crescesse e pegasse para si, apenas. Nem que esgotasse meus nutrientes e depois me esquecesse, contanto que o fizesse... É essa minha natureza. Ou pelo menos é assim que a sinto no momento.

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